Pai Nosso!

De forma didática, Cristo nos deixou modelos cuja riqueza é fonte de inspiração permanente. Por certo, um dos mais conhecidos é o “Pai Nosso”.

“A palavra convence, o exemplo arrasta”, diz o adágio. Não por acaso, Jesus é conhecido como “Mestre dos mestres”. O Senhor explicou ideias profundas usando parábolas que continham elementos simples do dia-a-dia do povo. Acompanhadas de ação, suas palavras têm impactado milhões de pessoas ao longo da história. 

De forma didática, Cristo nos deixou modelos cuja riqueza é fonte de inspiração permanente. Por certo, um dos mais conhecidos é o “Pai Nosso”. Em artigo publicado há alguns anos no Los Angeles Times, a escritora K. Connie Kang estimou que, por ocasião da Páscoa, dois bilhões de cristãos de diversas vertentes naquele ano oraram o pai-nosso em milhares de idiomas.

Muitos livros já foram escritos sobre a oração de Jesus, mas gostaria de também registrar alguns pensamentos singelos que me ocorreram ao meditar sobre esse modelo literalmente sobrenatural. 

"Jesus ensina-nos a orar", pediram os discípulos. Comecem assim: "Pai Nosso...", respondeu Jesus.

Pai? Sim, ao chamá-lo de pai, não o chamamos pelo nome, e sim por uma característica: ele é Pai. Essa palavra tinha um significado social diferenciado na cultura oriental em que os discípulos estavam inseridos (provedor, autoridade etc). No entanto, na oração de Jesus a palavra Abba denota intimidade, amor e admiração. "Sim, vocês devem chamá-lo de paizinho, da mesma forma que eu o chamo", é o que Cristo está dizendo. “Abba tem por nós exatamente o mesmo amor que tem por Jesus”, nos lembra o escritor Brennan Manning. 

Nosso? Sim, Ele é comunitário. A relação com o Pai sempre envolve a comunidade. Orar é se reconciliar com ele e com seus filhos. É pertencer a uma comunidade singular aqui na Terra. Trata-se de pessoas que deixaram a casa do "meu" e imigraram para a terra do "nosso", onde "eu", "meu" e "minha" são referências de um passado míope e egoísta.

Santificado seja o teu nome. Nossas atitudes revelam a quem pertencemos. O santo nome do Senhor às vezes é alvo de descrédito por conta de falhas cometidas por seus filhos. Cada um de nossos atos deve indicar o DNA divino, sejam eles públicos ou não. Como disse Moody, “caráter é o que eu sou quando ninguém está me olhando”. 

Venha o teu Reino. Segundo Ricardo Barbosa, “esta é a oração mais radical que um cristão pode fazer porque o reino divino é o governo de Deus entre nós”. Eu e você fazemos parte da resposta a esse pedido, afinal a igreja é agente do Reino do Pai. 

Seja feita a tua vontade. Muitos casais se conhecem tão bem que um dos cônjuges identifica o que o outro quer através de sinais quase imperceptíveis. O mesmo deve acontecer conosco em relação a Deus. Conheceremos seus desejos como resultado de paixão e intimidade.

Perdoa as nossas dívidas. É interessante o padrão estabelecido por Jesus: assim como perdoamos os nossos devedores. E se extrapolarmos esse princípio para outras áreas? Seja generoso conosco, assim como temos doado generosamente a outros o que de ti recebemos. Aja com misericórdia conosco, assim como temos sido compassivos até para com aqueles que o mundo julga não merecer compaixão. 

Livra-nos do mal. Múltiplas manifestações do mal podem embaçar as lentes através das quais enxergamos a Deus. Livra-nos da autossuficiência e do orgulho, ensinando-nos a reconhecer a tua mão como origem de toda boa dádiva. 

Orar a oração de Jesus é pedir ao Pai que nos faça uma comunidade de amor, de solidariedade e de serviço. Uma comunidade da Graça!

Carlos Bezerra JR